09 fevereiro 2006

Fogo de Gelatina em Pó


Um dia minha irmã, Sandra Vinhal, escreveu essa frase enigmática numa poesia que, anos mais tarde, musiquei e denominei "O Enigma" . (a letra toda da música - a poesia dela sofreu intervenções minhas - pode ser lida em www.silviovinhal.cjb.net)

"Por ser verdade
o belo é belo
e as árvores trazem em si
todo o ardor de chamas
vermelhas e azuis
fogo de gelatina em pó."

Seus versos foram muito felizes, porque dizer que o belo é belo porque é verdadeiro, é uma definição inusitada, mas muito boa.
E ela continua dizendo que: "as árvores trazem em si fogo de gelatina em pó".
A força dessa imagem poética pra mim foi arrebatadora.
Olhar as árvores como fogo factível, é deslumbrar nelas a força do fogo, ainda que vivas, latejantes, verdes.
O fogo é transformador, nem bom nem mal em si mesmo. É, sobretudo, necessário.
Somos nós que, diante da beleza, podemos contemplar sem destruir, ou optar pela mentira, pelo feio, pela destruição em vão, sem propiciar vida, sem aquecer, apenas como um espetáculo pirotécnico vazio.
Amazônias - florestas humanas inteiras - têm sido destruídas todos os dias.
Esse blog é o registro quixotesco de um romântico do século XXI. Imagens, poemas e pensamentos nem sempre claros, mas sempre sinceros.
Achei o título adequado porque é enigmático, é instigante e, sobretudo, remete a algo que está por acontecer.
Eu ofereço essa caixinha nova de gelatina, sabor fogo, mas é você quem decide se dela provará ou não.
__ Dissolvo em água quente?

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