Queria poder
juntar os cacos do corpo frágil e humano
que somos
todos nós.
Queria poder
alinhavar tecidos partidos, frágeis órgãos,
frágeis corpos
de pais, irmãos, avós,
que vão se
dissolvendo enquanto a
vida vai passando indiferente.
Queria colar
os cacos, fundir partículas,
construir um
corpo perfeito,
um super corpo
capaz de resistir à vida,
de resistir à
morte
que teima em
se instalar em nós a cada respirar,
como uma bomba
a nos dizer
que pode ser
agora ou amanhã,
Na próxima
curva, na próxima queda,
Em meio ao
próximo riso ou da maior tristeza.
E ela vai nos
roubando de nós, amaciando as resistências
desse frágil
corpo que somos.
Mina nossos
ossos, faz falhar o coração,
murcha a flor
da nossa pele,
tira a cor dos
cabelos, torna opaca a nossa visão.
Frágil corpo,
para almas tão sedentas de vida...
E o corpo
(mesmo que ainda são) vai se partindo,
se rasgando,
se dilacerando,
Ao ver cair,
sem piedade,
Um a um,
Os corpos de
nossos pais, irmãos, avós,
Amigos,
filhos, amantes...
Pobre corpo
humano!
Casa indigna
dessa alma sedenta que Deus nos deu.
Corpo
dilacerado na dor de não poder juntar, alinhavar,
fundir,
reviver, enfim,
Os corpos que
de tão frágeis não comportam
a alma
daqueles que amamos.
Por Silvio Vinhal em O Tempo e o Jardim, ArtContato editora, Brasília, 2013
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