22 abril 2020

ARCO DO TEMPO















Abriu-se uma fresta no tempo desde que te conheci,
E por ela penetrou uma luz furta-cor, mágica
Quebrando as resistências do espaço conhecido.
Mais cedo fosse, juraria eu ter ouvido trombetas do apocalipse
Céus se abrindo numa fantasmagoria de luz e movimento.

Tudo está quieto agora,
Nem uma folha se move e essa atmosfera surreal
Prenuncia teus passos em minha direção.
Tua voz é música em meus ouvidos,
Minha alma canta e se deixa balançar
Como uma criança.
E adormece como uma criança no teu colo.

Te conheço de agorinha há pouco,
Nem te vi ainda,
E algo me diz que sempre estivemos juntos
Na pradaria de tempos eternos,
Lá onde nasce o vento pra vir soprar à terra
Aventuras e amores de um dia.
No entanto possuímos todos os dias.

Recosto a cabeça em teu peito e ouço por séculos teu coração.
Como se alguns segundos apenas me quedasse ali.
Todos os relógios quebrados, inúteis,
Incapazes de registrar o tempo para nós.

Não importam milhas, quilômetros,
Entre a minha alma e a tua não passa uma linha.
Meu dedo descreve um arco em tua fronte
E um beijo nos devolve a unidade.

Poema Arco do Tempo, do libro AmaroAmor, Silvio Vinhal, Artcontato Editora, Brasília 2019           
Foto: Cláudio Moreira

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