21 outubro 2011

Deixar o mundo melhor depois que eu passar

Deixar o mundo melhor, depois que eu passar. Acho que muito cedo na minha vida eu cheguei a essa máxima. Nunca almejei ser só mais um na multidão, passar despercebido, curtir a vida ao máximo, sem compromisso com os outros. Nunca pensei estar no mundo para ser servido. Minha condição social, inferior, redimida gradualmente graças ao trabalho e principalmente ao estudo, colocou em cada prateleira os valores de respeito ao meu próximo, e uma consciência de justiça social que passou a ser o meu referencial para me mover no mundo. Acho que tem dado certo. Levei a sério aquela história de escrever o livro, plantar uma árvore... fiz até um pouco mais que isso.

O livro ainda não publiquei, é verdade. As árvores que plantei, hoje estão por aí entregues à própria sorte. Algumas sobreviveram, tenho certeza, e alguma contribuição devem estar dando à paisagem, e até para diminuir o efeito estuda (assim espero). Mas é pouco, quero fazer muito, muito mais. Hoje quero plantar ipês, primaveras, flamboyants, e mais uma multidão de árvores frutíferas e florais. Gosto de ver árvores carregadas de flores, ou de frutas, assim como gosto de ver arvores “caducas”, sem folhas no período de inverno, exibindo seus galhos bifurcados contra o céu. Talvez até pelo contraste, e por saber que ali, apesar de parecer o contrário, há muita vida e resistência, seja contra o frio ou contra a seca.

Fico triste quando vejo pessoas atirando coisas na rua, quando saem da sala de cinema sem carregar o seu próprio lixo, quando passam pelas pessoas que cuidam da limpeza e os tratam com desprezo, como se não existissem. São pagos pra fazer o serviço sujo, com certeza, mas são pessoas que merecem o nosso maior respeito e consideração, e também, alguma ajuda. O que custa cuidar do meu próprio lixo, contribuir um pouquinho e tornar a vida de todo mundo, muito melhor ? Essa lição, lembro-me bem o dia em que aprendi. Eu vinha do interior de Minas e já era universitário em Goiânia. Estava na rua com um colega, e num dado momento acho que ele chupou uma bala e guardou o papel no bolso, para não jogar na rua. Na hora eu achei aquilo estranho, mas entendi que era EDUCAÇÃO. Aprendi a lição para nunca mais esquecer.

Outro dia, conversando com uma amiga jornalista, culta, ela se espantou quando eu mencionei que achava um absurdo as pessoas jogarem papel higiênico diretamente no vaso sanitário. Será que essas pessoas nunca pararam para pensar que aquilo vai virar um grande problema lá na frente, entupindo canos de esgoto e poluindo córregos e rios? E pensar que aqui em Brasília, no banheiro de um grande shopping, há um cartaz pedindo: “Por favor, jogue o papel no vaso”. É um absurdo.

Para viver bem, precisamos ocupar o nosso espaço com parcimônia, porque o dividimos com milhares de pessoas. Não basta pensar no hoje, porque tem coisas (como árvores, por exemplo) que só darão sombra e fruto daqui há muitos anos. Não dá pra fechar os olhos e viver apenas pra nós mesmos uma vida auto-centrada, mesquinha e egoísta, por mais que o mundo nos induza a viver assim, precisamos resistir.

Eu quero deixar o mundo melhor depois que eu passar por ele, e quero fazer isso sem visar nenhum lucro. Apenas por agradecimento àqueles que fizeram dele um lugar melhor para eu viver, e em respeito aos que virão depois de mim. (republicação)

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