30 setembro 2011

6 Horas para Viver


A jornada de trabalho de oito horas diárias na indústria foi instituída no Brasil pelo Presidente Getúlio Vargas, em 1932, e portanto caminha pra completar 80 anos em 2012. Antes dela, os trabalhadores eram submetidos a jornadas exaustivas de 10 a 12 horas, podendo chegar até ao absurdo de 17 horas diárias.

Há 125 anos, em Chicago, a palavra de ordem era: “8 horas de trabalho, 8 horas de sono e 8 horas de lazer.” Esse conceito foi mais tarde conquistado e ganhou espaço no planejamento, em diversas instâncias. Parecia razoável.

Após todo esse tempo transcorrido e mediante o crescimento das cidades, o aumento da população e às dificuldades de deslocamento, de convivência em família e de agregar à vida outras atividades que não sejam “sono” e “lazer” levam-me a pensar que precisamos lutar por turnos menores, de 6 horas.

2 turnos de 6 horas comporiam o novo “horário comercial” ou “horário da indústria” dobrando as vagas de emprego e, com certeza, também a produtividade, porque o que vemos hoje, em toda parte, são operários cansados, privados do sono e da convivência familiar, impedidos de estudar ou alcançar algum lazer.

As 8 horas de sono são um fato para quase todos os humanos. Alguns privilegiados conseguem dormir 6 ou até mesmo 4 horas e, ainda assim, sentir-se inteiros no dia seguinte. Outros, são obrigados a dormir pouco, mesmo necessitando dormir mais, e engrossam as fileiras daqueles que moram distante e pegam cedo no batente. Levam para o trabalho o seu cansaço e sua desesperança, aumentando os índices de acidentes no trabalho e mortes no trânsito.

As 8 horas de lazer sempre foram pura balela. Nas tais “horas de lazer” devemos descontar pelo menos 2 horas para as refeições, higiene pessoal e, no mínimo, 2 horas de deslocamento diário. Aí já se foi a metade do tempo. A outra metade seria todo o tempo que nos restaria para nos deslocarmos até uma escola, estudar, conviver com a família e com amigos e ter algum lazer. E, claro, ao escolher uma dessas atividades as outras estariam automaticamente excluídas. Esse é o mundo em que somos obrigados a viver.

Com turnos de 6 horas um casal poderia, por exemplo, se organizar para que pelo menos um dos dois estivesse em casa com os filhos em um dos períodos do dia. Quem dera pudéssemos construir, assim, uma sociedade com mais valores e mais afeto. Em cidades maiores o comercio e a indústria poderia funcionar em regime de 3 ou 4 turnos, aumentando as vagas de emprego, o período de disponibilidade para as compras e distribuindo melhor o fluxo de pessoas em deslocamento nos horários de pico.

Diminuir o turno para 6 horas equivaleria a um aumento salarial de 25%, e mesmo se o valor dos salários fosse reduzido proporcionalmente em 25%, as vantagens decorrentes da mudança seriam muito maiores, considerando a qualidade de vida do trabalhador e das suas famílias. O aumento do rendimento no trabalho e na escola, e o aumento da possibilidade de mais pessoas retomarem seus projetos de crescimento pessoal, voltando a estudar.

Um abaixo assinado poderia tornar isso uma lei em nosso país, e duvido que alguém votasse contra, ou quisesse se abster, pelo menos nas grandes massas trabalhadoras, onde a mudança causaria o maior impacto positivo.

Turnos de 6 horas, hoje, me parecem uma possibilidade muito justa e atual. Mais do que isso, uma necessidade, um sonho para sonharmos juntos e fazermos acontecer. Um recado aos sindicatos e aos cidadãos antenados. Ajudem a propagar essa idéia.

Silvio Vinhal

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo plenamente, mas infelizmente nós vivemo num país onde se vive para trabalhar...